O interesse dos brasileiros por oportunidades de trabalho remoto atingiu níveis sem precedentes em 2023, revela o Google Trends. Nos últimos dois anos, as buscas por “vaga home office” no Google mais que triplicaram no Brasil, experimentando um aumento significativo de mais de 160%.
O relatório destaca que os picos de busca pelo termo ocorreram nos meses de fevereiro, março e setembro de 2023, com São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais liderando as pesquisas nos últimos 12 meses, de acordo com dados do Google Trends. Apesar dessa crescente demanda por oportunidades de trabalho remoto, grandes empresas, incluindo o emblemático Zoom, estão pressionando pelo retorno dos funcionários aos escritórios, gerando um conflito com as expectativas dos trabalhadores.
A pesquisa da HR Tech Infojobs em parceria com o Grupo Top RH, realizada em abril de 2023, revela que 85% dos profissionais considerariam mudar de emprego por mais dias de home office.
O estudo do Google Trends destaca que “vaga home office” se tornou a frase mais procurada na categoria “vaga” nos últimos 12 meses. No entanto, o cenário do trabalho remoto está passando por transformações, desapontando aqueles que se adaptaram a esse modelo durante a pandemia.
Ao contrário do início de 2020, a semana inteira de trabalho 100% remoto está se tornando menos comum, com a tendência global se inclinando para modelos híbridos.
De acordo com o LinkedIn, as oportunidades de emprego híbridas têm superado as remotas desde o início do ano, representando 13% em comparação com 9%. Isso sinaliza uma mudança na dinâmica do trabalho remoto, afetando profissionais que buscam opções totalmente remotas.
O embate entre empresas e funcionários pelo modelo de trabalho está em ascensão. A pesquisa da Scoop, startup de gestão de trabalho híbrido, destaca que empresas com regimes flexíveis obtêm melhores resultados financeiros. No entanto, a pesquisa indica que a maioria das empresas estabeleceu modelos presenciais ou híbridos sem consultar os colaboradores.
Grandes empresas, como Amazon, Goldman Sachs e JP Morgan, estão definindo políticas rígidas de retorno ao trabalho presencial, enquanto líderes argumentam que o trabalho presencial é essencial para inovação e colaboração, além de construir e manter a cultura da empresa.
Os debates sobre qual regime de trabalho é mais eficaz continuam acalorados, centrando-se em produtividade, desempenho e engajamento dos funcionários. Estudos mostram que modelos flexíveis estão funcionando, mas impor um regime de trabalho sem considerar as opiniões dos funcionários pode ter efeitos negativos. A pesquisa da Infojobs e do Grupo Top RH indica que a maioria dos profissionais se sente menos produtiva e vê piora na qualidade de vida ao retornar ao trabalho presencial.
À medida que o cenário do trabalho evolui, fica evidente que o modelo ideal pode variar de acordo com as preferências e necessidades individuais, exigindo uma abordagem mais flexível e personalizada por parte das empresas.